Piúma, ES – Na 22ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, que acontece do dia 14/10 a 18/10, com o tema “Planeta Água: cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território”, o Prof. Dr. Marlon Carlos França, do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) – Campus Piúma, apresentou a palestra magna “Mudanças Climáticas e Seus Impactos no Mar de Piúma (ES)”, destacando o papel das zonas costeiras capixabas frente às transformações do clima global.
A apresentação, organizada pelo Laboratório de Oceanografia e Clima (LAOC) e pelo grupo SEED – Grupo de Sedimentologia e Dinâmica Ambiental, reuniu estudantes, pesquisadores e comunidade local para discutir como o aumento da temperatura, a elevação do nível do mar e a intensificação de eventos extremos vêm alterando os ecossistemas marinhos e costeiros da região sul do Espírito Santo.
Veja também o projeto “Vozes dos manguezais”
“O mar de Piúma é um verdadeiro laboratório natural. Ele reflete com clareza os efeitos das mudanças climáticas, desde o aumento da erosão costeira até as variações nas correntes e na biodiversidade marinha”, explicou o professor Marlon França.
Entre os temas abordados, o pesquisador detalhou as variações do nível do mar, os processos de sedimentação costeira e apresentou estudos de caso locais, conectando a realidade de Piúma com fenômenos globais. Ele ressaltou ainda a importância dos manguezais como ecossistemas essenciais para o sequestro de carbono e a mitigação das mudanças climáticas, ilustrando o processo de fotossíntese, sequestro e liberação de carbono — fundamental para o equilíbrio climático.
A palestra também destacou o papel da Economia Azul, uma abordagem sustentável para o uso dos recursos marinhos, defendida em programas de pós-graduação e pesquisas apoiadas pela CAPES. Segundo o professor, investir em inovação e formação de profissionais voltados à Economia Azul é essencial para garantir o desenvolvimento sustentável das regiões costeiras brasileiras.
“Preservar o oceano é investir no nosso futuro. A ciência tem mostrado que cada ação local – como a conservação dos manguezais e o monitoramento dos ecossistemas costairos – tem impacto direto na resiliência global do planeta”, afirmou.
O evento reforçou o compromisso do IFES e dos grupos de pesquisa locais com a educação ambiental, a ciência aplicada ao território e o engajamento da comunidade na defesa do oceano, destacando Piúma como um polo de referência em estudos sobre mudanças climáticas e sustentabilidade marinha.
O projeto “Vozes dos Manguezais” integra pesquisa e participação comunitária para proteger áreas estratégicas de biodiversidade e carbono azul no litoral capixaba
O Dr. Marlon Carlos França, pesquisador e professor do Instituto Federal do Espírito Santo (IFES) – Campus Piúma, destacou o projeto “Vozes dos Manguezais”, desenvolvido na região de Guarapari como uma ação integrada de pesquisa aplicada, extensão universitária e educação ambiental. A iniciativa tem como objetivo principal a proteção e conservação dos ecossistemas de manguezal, consideradas áreas de elevada produtividade biológica e fundamentais para o equilíbrio climático e a manutenção da biodiversidade costeira.
Conheça mais sobre o projeto
O projeto atua na caracterização ambiental e socioecológica dos manguezais, promovendo o monitoramento de parâmetros físico-químicos da água e do solo, a análise de processos de sedimentação e regeneração natural, além do mapeamento participativo das áreas de maior vulnerabilidade frente às mudanças climáticas e às pressões antrópicas.
Além do enfoque científico, o “Vozes dos Manguezais” estabelece uma ponte entre o conhecimento técnico e os saberes tradicionais das comunidades ribeirinhas, reconhecendo o papel das populações locais como agentes de conservação. Por meio de oficinas, ações educativas e registros audiovisuais, o projeto busca amplificar as vozes dessas comunidades, fomentando práticas sustentáveis e fortalecendo a percepção ambiental sobre a importância dos manguezais enquanto ecossistemas estratégicos para o sequestro de carbono, a mitigação dos efeitos climáticos extremos e a resiliência costeira.
Conforme o Dr. Marlon França, compreender e valorizar a dinâmica ecológica dos manguezais é essencial para o desenvolvimento de políticas públicas e estratégias de gestão integrada dos recursos marinhos e costeiros, consolidando uma cultura oceânica orientada para a sustentabilidade e a justiça socioambiental.
